Jabes diz que é preciso repensar tarifa única; estudantes tentam se mobilizar
O prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro, prestes a deixar o comando do Palácio Paranaguá, manteve no último reajuste concedido às empresas de transporte coletivo da cidade a cobrança no sistema de tarifa única. Ou seja: o valor da passagem é igual tanto na sede quanto no interior. Mas reconheceu que é preciso rever este sistema numa cidade onde 46 por cento dos ônibus circulam no interior e tem uma malha viária em 1.600 quilômetros quadrados de território.
"Mantive o sistema de tarifa única pensando no homem do interior, que vive na zona rural e tem dificuldades financeiras para o deslocamento para a sede. Mas na medida que mantenho a tarifa única e não elevo o preço de algumas localidades, tenha certeza, alguém está pagando por isso", revelou. Outro aspecto preocupante, segundo Jabes, é o índice de gratuidade no sistema. A cada 100 usuários que utilizam o serviço público de transportes na cidade, 28 não pagam tarifa.
Jabes foi buscar exemplos em outras cidades do porte de Ilhéus para justificar a sua preocupação. Em Vitória da Conquista, segundo o prefeito de Ilhéus, a tarifa mínima é de 2,80 mas varia até 9 reais, a depender da distância percorrida em zonas mais distantes do município. Em Feira de Santana, citou o prefeito, desde janeiro deste ano a tarifa custa 3,10 (caso seja adquirida através do cartão do usuário) ou 3,30 para pagamento em dinheiro. No caso da zona rural, 3,90 e 4,10, respectivamente.
O exemplo mais próximo, dado pelo prefeito, é do de Itabuna, onde a tarifa é um pouco mais baixa. De acordo com Jabes Ribeiro, enquanto Ilhéus possui 130 ônibus e a vizinha cidade, 100, aqui 46 por cento da frota circula no interior, "em regiões mais distantes e em estradas muitas vezes sem condições de trafegabilidade", enqanto que em Itabuna, apenas seis são disponibilizados para a zona rural. "E Itabuna tem apenas 400 quilômetros quadrados de território para prestar serviço à população", completou.
O outro lado - Membro do histórico movimento "Reúne Ilhéus", que durante meses ocupou o Palácio Paranaguá, logo no início do atual governo reivindicando melhorias e novos debates sobre o transporte público na cidade, o servidor e estudante universitário Shi Mário é contra o reajuste. Hoje a tarde, o Conselho Municipal de Transporte vai se reunir para debater o tema. Shi Mário trabalha na mobilização de estudantes para protestar durante a reunião.
"Vamos ver na cara desses pseudos-representantes do povo como eles votam”. A concentração acontece às 16 horas, na praça Pedro Mattos (Teatro Municipal). De lá eles seguem até o Palácio Paranaguá, onde está marcado o encontro dos conselheiros com representantes do governo municipal.
De acordo com a liderança estudantil, o governo não mostra e não mostrou até hoje os dados que comprovam que o setor precisa de reajuste. "Os dados que a prefeitura justificou o aumento para 2,60, na época pós-reúne, foram criminosos, não tinham dados suficientes e o cálculo defasado. Como estabelecer o custo do transporte sem o dado principal, a quilometragem?", questiona.